Um ano se passou desde que a região serrana do Rio de Janeiro sofreu com uma tragédia climática, classificada como uma das 10 maiores do mundo e a maior da história do Brasil. Era de se esperar, perante a magnitude do evento e em respeito aos mais de 900 mortos e suas famílias (sem contar os desaparecidos), que todos os esforços seriam envidados no sentido de minimizar o sofrimento dos sobreviventes e de evitar que tal fato pudesse voltar a acontecer. Ledo engano!
É imperativo frisar que até mesmo políticos, nossos representantes, a quem delegamos o poder de agir em nossos nomes, podem ser vitimados por catástrofes desse tipo. Paulo Azevedo, ex-prefeito de Nova Friburgo, vítima fatal do evento, é prova cabal desse fato. Esse destaque é importante diante da conclusão inequívoca de que quase absolutamente nada foi feito pelo governo brasileiro, pelos políticos brasileiros, pelo povo brasileiro. Desculpas esfarrapadas para justificar a inércia, a incompetência, a ineficiência, surgem a todo instante: entraves burocráticos, falta de recursos, lei das licitações, ... A lista é grande!
A verdade é que muitos dos nossos representantes, provavelmente a maioria absoluta, têm preocupações mais importantes (como desviar verbas públicas, por exemplo; fraudar licitações, comprar votos, aliciar eleitores, manter currais eleitorais com bolsa disso, bolsa daquilo, viajar muito - se possível, com familiares também às nossas custas; arranjar uma "boquinha" para parentes e amigos; superfaturar obras; receber comissões; criar leis para proteger interesses escusos; legislar em causa própria; perseguir opositores; manter a educação em níveis "aceitáveis"; evitar a distribuição de renda; aumentar e/ou criar mais e mais tributos; evitar a reforma política; evitar uma reforma tributária justa; aumentar os próprios salários; ...). A lista é maior ainda!
Dentre as 75 pontes prometidas para serem reconstruídas, somente uma está pronta: a da Barra de Santa Tereza, no distrito de Banquete, em Bom Jardim. Nem mesmo a ponte de acesso à sede do município (na RJ 116), principal ligação entre o norte do estado do Rio e a capital foi concluída (no dia 6 de janeiro passou a funcionar uma das pistas, no sistema pare e siga). Obras de contenção de encostas? Algumas poucas, em Nova Friburgo. Investimento em moradias dignas para os desabrigados? Nada! Desapropriações em áreas de risco? Nada! Plantação de cobertura vegetal nas áreas onde ocorreram avalanches? Nada! Empréstimo a fundo perdido para vítimas das enchentes ou dos desabamentos? Sequer foi cogitada essa hipótese! Restauração das rodovias? Pouco foi feito, sendo ainda visíveis por toda a região, montinhos de asfalto e placas (quando há) sinalizando áreas onde as rodovias foram danificadas. Suspensão da cobrança do pedágio na RJ-116? Por pouco tempo. Mas essa é uma outra história. Também suja de lama, diga-se de passagem.
Em resumo, é isso. Não adianta escrever texto mais longo, inserir detalhes. Nós, vítimas da politicagem no Brasil, não temos o hábito da leitura. Nós, povo brasileiro, elegemos os nossos governantes. Nós, vítimas de nossa própria inércia e egnorância, temos o governo que merecemos.
O Editor
P.S.: A tragédia aconteceu na noite de 11 para 12 de janeiro de 2011.
P.S.: A tragédia aconteceu na noite de 11 para 12 de janeiro de 2011.
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