Por: Maurício Thuswohl, especial para a Rede Brasil Atual
Publicado em 29/12/2011, 15:42
Em janeiro, rodovia RJ-116 teve queda de barreiras; risco de repetição deixa população preocupada.
Rio de Janeiro – O deslizamento de uma barreira sobre a rodovia RJ-116 na quarta-feira (28) aumentou o clima de preocupação com a volta da temporada de chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro. O acidente aconteceu no município de Bom Jardim (RJ), a 160 quilômetros da capital fluminense, um dos sete atingidos pela tragédia que completará um ano no próximo dia 12 de janeiro, com morte de mais de 900 pessoas. Curiosamente, o vice-governador Luiz Fernando Pezão havia passado pelo ponto exato onde ocorreu o desbarrancamento uma hora antes do acidente. No mesmo dia, o governo federal anunciara o envio de uma força-tarefa ao estado para avaliar de forma permanente os riscos de desastre na Região Serrana.
A força-tarefa será coordenada pelo Ministério da Integração Nacional, e terá seu centro de operações montado no município de Nova Friburgo (RJ), a 130 quilômetros da capital, o mais duramente atingido pela tragédia de janeiro. Os friburguenses vivem clima de grande apreensão desde 19 de dezembro, quando fortes chuvas fizeram subir as águas de alguns rios. No bairro Córrego Dantas, onde a cicatriz da tragédia sequer se fechou, casas voltaram a ser invadidas pelas águas e uma ponte improvisada (quase tudo na área é improvisado desde janeiro) foi arrastada, o que provocou clima de pânico em parte da população. "Nosso bairro foi o mais devastado pela tragédia", diz Edmo Teixeira, presidente da associação de moradores. "Perdemos 45 pessoas e até hoje, um ano depois, estamos abandonados. Só Deus sabe o que poderá acontecer se chover forte novamente."
A missão da força-tarefa federal, segundo o governo, é justamente permanecer próxima às populações vulneráveis na Região Serrana para minimizar os efeitos da temporada de chuvas fortes. O centro de operações funcionará 24 horas por dia e estará em permanente contato com as Forças Armadas e com o Ministério da Saúde, caso seja necessário solicitar a utilização de helicópteros para operações de resgate e salvamento ou a distribuição de medicamentos para o atendimento a eventuais desabrigados. "Nosso objetivo é intensificar as ações de prevenção e agilizar a resposta a eventuais acidentes. Estamos muito mais bem preparados do que estávamos há um ano", avalia o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
A iminência das fortes chuvas, provavelmente intensificadas pela ocorrência neste verão do fenômeno climático conhecido como La Niña, já provoca movimentações também na esfera judicial. O Ministério Público Estadual, por intermédio de suas cinco Promotorias de Meio Ambiente, deu entrada em 121 ações na Justiça para obrigar o governo do estado e a prefeitura do Rio de Janeiro a realizar intervenções que reduzam os riscos de deslizamento ou inundação em 121 favelas localizadas em áreas de risco. As ações englobam apenas comunidades localizadas no Maciço da Tijuca e afetam cerca de 20 mil moradias, o que indica o possível surgimento, no futuro, de iniciativas semelhantes relativas a outras regiões vulneráveis do estado.
Por sua assessoria de imprensa, a prefeitura do Rio disse considerar injustas as ações movidas pelo Ministério Público Estadual. "Nos últimos três anos, foram investidos mais de R$ 250 milhões em obras de contenção de encostas, o que equivale ao triplo do que foi investido nos oito anos anteriores". A administração carioca destaca também a instalação, neste ano, do Sistema de Alerta e Alarme para Chuvas Fortes, em operação em 66 áreas de risco da cidade e que conta com uma rede de sirenes para alertar a população sobre os a possibilidade de deslizamentos.
Perdas de US$ 350 bi
Maior empresa mundial do setor de resseguros, a suíça Swiss Re divulgou um estudo que estima em US$ 350 bilhões as perdas econômicas decorrentes das catástrofes naturais ocorridas em 2011. Esse é o montante mais alto já registrado, superando largamente os US$ 226 bilhões perdidos em 2010. Levado em conta apenas o setor segurador, as perdas este ano, segundo a empresa suíça, foram de US$ 108 bilhões, mais do que o dobro dos US$ 48 bilhões registrados no ano passado.
O estudo divulgado pela Swiss Re aponta as fortes inundações ocorridas na Austrália e na Tailândia, o furacão Irene nos Estados Unidos e os terremotos na Nova Zelândia e no Japão (este seguido de um tsunami) como as catástrofes naturais que mais prejuízos econômicos causaram em 2011. Economista-chefe da empresa, Kurt Karl avalia que a cobertura de seguros para acidentes desse tipo, mesmo nos países industrializados, ainda é baixa: "Assim, além da perda de seus entes queridos, as sociedades enfrentam prejuízos financeiros enormes que precisam ser suportados pelas empresas, organizações humanitárias e governos. Ou, em última análise, pelos contribuintes", diz.
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