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quarta-feira, 16 de março de 2011

Com incentivos, Bom Jardim vira polo industrial

Fonte: Jornal Valor Econômico

Indústrias de plásticos transformam o pequeno município da região serrana do Rio

No ano passado o jovem empresário Rodrigo Mesquita Carnaval, hoje com 30 anos, recebeu um convite inusitado: participar do júri de um concurso de inhame. A disputa envolvia a escolha do melhor prato à base do tubérculo, a raiz de maior tamanho. Mesmo sendo um ignorante na matéria, ele encarou a tarefa de bom grado. Afinal, era uma oportunidade de estreitar os laços com seus principais vizinhos. Carnaval dirige a fábrica de filmes e sacos plásticos da Elos do Brasil, pioneira de um polo industrial ainda em formação no distrito rural de Barra Alegre, em Bom Jardim, região serrana do Rio.

A industrialização da bucólica Barra Alegre é produto de uma combinação de incentivos, fiscal e creditícios. No plano fiscal, a lei estadual nº 5.636/2010 (originalmente 4.533/2005, conhecida como Lei Rosinha) reduz a 2% o ICMS cobrado de empresas que se instalam em 47 municípios ou áreas do Estado pré-determinadas. Já o Fundo de Recuperação de Municípios Fluminenses oferece crédito a juros de 2% ao ano para empresas que se instalem na sua área de abrangência.

Bom Jardim, a 166 quilômetros da capital, é favorecida pelos dois benefícios e graças a isso apresentou de 2006 a 2009 crescimento de 84,2% no número de empregos formais na indústria de transformação, a maior taxa registrada na região serrana do Estado, segundo levantamento do economista Mauro Osório com base em dados do Ministério do Trabalho. No mesmo período o emprego formal na indústria de transformação na região serrana do Rio cresceu 16,8%, em todo o Estado, 9,5%, e no Brasil, 11,8%.

Segundo dados da prefeitura da cidade, desde 2006 chegaram a Bom Jardim nove indústrias, sendo cinco do setor de plásticos, totalizando 700 novos empregos diretos. Ainda de 2006 a 2009 a receita corrente líquida do município cresceu 93,4%, passando de R$ 19,6 milhões para R$ 37,9 milhões. No Estado, a receita corrente cresceu 64,8% no mesmo período. A Elos, com matriz em Arujá, São Paulo, abriu sua fábrica em Bom Jardim justamente em 2006.

"Eu tinha comprado uma máquina cara nos Estados Unidos. Só para retirar a máquina eu fiz (com a Lei Rosinha) uma economia de R$ 1 milhão em ICMS", diz Osvaldo Rezende Filho, 53 anos, pai de Rodrigo Carnaval e principal acionista da empresa. Rezende, que afirma ter sido o primeiro beneficiário da lei de incentivo fiscal do Rio, construiu a sua fábrica com um financiamento de R$ 6,5 milhões da Invest Rio, a agência de desenvolvimento do Estado, pagos em três anos.

Hoje a fábrica processa de 1,2 mil a 1,4 mil toneladas de polietileno e polipropileno (resinas termoplásticas), tem 150 empregados e gera um movimento mensal de 200 carretas no lugarejo, cuja paisagem antes era dominada por plantações e granjas.

Em 2007 chegou a Barra Alegre outra grande fábrica de filmes plásticos, a também paulista Plastseven que tem matriz em Mogi-Guaçu. A empresa emprega 320 pessoas em Bom Jardim e somente agora pleiteia financiamento da Invest Rio, operadora da linha de crédito a 2% de juros ao ano.

Para o fim deste mês ou início de abril está prevista a entrada em operação de uma terceira fábrica de material plásticos na região. A Kora Rio, que tem origem em Santa Catarina, quer produzir de 18 milhões a 20 milhões de unidades por mês de garrafas PET para água ou refrigerantes. Segundo Osvaldo Souza, 59 anos, sócio-diretor da empresa, o investimento é de R$ 8 milhões e a empresa já teve aprovado um financiamento de R$ 5 milhões da Invest Rio. Ela começa com 30 empregados e deve chegar a 50 quando estiver a plena carga.

Para Maurício Chacur, presidente da Invest Rio, a chegada da Kora já configura a formação de pelo menos um aglomerado de empresas do setor de plásticos em Barra Alegre. Os benefícios da industrialização também começam a aparecer. A estrada de 17,5 quilômetros que liga o povoado à sede do município, asfaltada precariamente no começo da década passada, está sendo reasfaltada em padrões capazes de receber o fluxo de caminhões que trafegam na região.

Segundo Carnaval, da Elos, as transportadoras que fazem a rota de São Paulo para a vizinha Nova Friburgo ganharam uma alternativa a mais de cargas de retorno, não precisando que seus caminhões desçam vazios até a capital fluminense em busca dessas cargas.

Outro problema crônico de infraestrutura resolvido em 2009 foi o abastecimento seguro de energia. Segundo Rezende, somente em 2008 a Elos sofreu incríveis 850 quedas no fornecimento de energia. Em julho do ano seguinte a concessionária Ampla, que atende grande parte do interior do Estado, inaugurou em Barra Grande uma subestação moderna.

O aumento do consumo de energia elétrica animou a empresa Magatec a adquirir a histórica Central Geradora Hidrelétrica Bom Jardim, inaugurada em 1917 e paralisada desde a década de 70, para reativar sua operação. A usina, no rio Grande, dentro da área urbana da cidade, deverá retomar as operações, gerando perto de 1 megawatt, até o fim deste ano, segundo o cronograma da Magatec.

A chegada das indústrias fez crescer o movimento de veículos no distrito de Barra Alegre, dinamizando o negócio de combustíveis. Carnaval conta que há cinco anos havia na região apenas dois pequenos postos. Hoje são três, modernos e movimentados.

No distrito, os bons ventos estão trazendo também de volta até as granjas de criação de frango, que haviam paralisado as atividades com o fechamento do frigorífico Comave, que comprava a produção, na primeira metade da década passada. Em outubro as granjas recomeçaram a funcionar, agora ancoradas pela Rica.

O maior movimento de pessoas, e de dinheiro, já transformou até a pequena pensão de dona Marlene, no amplo, mas propositalmente rústico restaurante Rango da Roça. Ela atende pessoalmente a clientela, formada principalmente pelo pessoal mais graduado das fábricas, servindo pessoalmente as delícias do mundo rural que, por enquanto, convive em harmonia com a industrialização.

1 comentários:

Anônimo disse...

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