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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Os espelhinhos

Por Nelson Viesti, na Folha Política.org

Ao distribuir “espelhinhos” para o povo classe C, nosso Governo, juntamente com a cumplicidade da Mídia, assim como a dos chamados “empresários bem sucedidos” acabam fazendo o mesmo papel dos que foram a favor da ditadura militar. Agora sob a falsa idéia de uma Democracia (que, aliás, nunca é criticada), nosso país vai perdendo sua real identidade e anulando qualquer possibilidade política. Reafirmando assim, um grande analfabetismo, esmagando toda e qualquer ideologia, anulando qualquer possibilidade de um “levante” popular "desbaratinando" as massas. Vide os manifestos ocorridos em junho/julho de 2013, onde uma população agonizante tentou sair às ruas pedindo socorro, porém sem qualquer ideologia, sem uma verdadeira noção de coletividade, sem qualquer tipo de organização, mais parecendo um antigo protesto hippie da década de 70 conhecido como “happening”. E os resultados todos viram: o bom e velho hábito do abuso do poder, por parte das “autoridades” e o total desprezo do governo.

É uma verdadeira tragédia, um país que não consegue produzir riquezas, mas sim gerar alguns ricos. Onde só existe um único "bolo" (o mesmo há anos - O PIBINHO!) para se dividir em uma população cada vez maior e cada vez mais faminta. 

A mídia usada como ferramenta pacificadora e anestesiadora da população, “arma” muito maior do que aquela utilizada nos anos de chumbo. Um dia se publica que os empregos diminuíram e no dia seguinte publicam que os empregos aumentaram. Um dia publicam que o custo de vida diminuiu e no dia seguinte publicam matérias totalmente contraditórias. 

A política sendo substituída pela politicagem, os técnicos gabaritados sendo substituídos pelos políticos semi analfabetos em cargos públicos; a máquina inchada da administração pública sendo transformada em um balcão de negócios, como num mercado das “pulgas”. A dilaceração do ensino público; o abandono da infraestrutura portuária; hospitais abarrotados de indigentes; a segurança pública “largada” aos desmandos de grupos criminosos; a sociedade apoiando simplesmente a pena de morte e ou a diminuição da maioridade para apenas se livrar dos bandidos que ela mesma produziu; o transporte público, uma indústria de enriquecimento de poucos em detrimento de um povo que passa mais de 03 horas por dia pendurados nos ônibus e trens, como gado ( e se faz muita propaganda eleitoral dizendo que, agora esse tempo foi heroicamente reduzido para 02 horas e meia e com a criação “virtual” de ciclovias nas grandes capitais) ; centenas de km de corredores de ônibus criadas “a toque de caixa” com a intenção de aumentar a velocidade dos ônibus, porém com mudanças de itinerário obrigando os passageiros a fazer baldeação e perdendo mais tempo ainda do que antes; apenas favorecendo, mais uma vez, os empresários de transporte que, antes recebiam uma passagem e agora recebem várias (embora o contribuinte não pague dentro do prazo de 02 horas); ferrovias inexistentes ou inoperantes num País com dimensões continentais; o total desprezo a uma política de migração às grandes capitais, que não suportam mais receber ninguém de outros estados e nem de outras cidades; um favorecimento espúrio às indústrias automobilísticas internacionais, num país que se vende mais automóveis do que bananas e morrem mais pessoas de acidentes de trânsito por ano, do que soldados americanos em toda a guerra do Vietnam; empresários “bem sucedidos” que insistem em alegar falta de mão de obra especializada, quando o problema é falto de SALÁRIO especializado; um grande engano com a criação de projetos habitacionais, onde o governo paga uma fortuna às grandes empreiteiras, cuja qualidade/custo de construção são altamente discutíveis favorecendo assim um enriquecimento ilícito de seus construtores (cuja fortuna é igualmente dividida aos políticos corruptos que aprovam sua construção e liberação de verbas públicas para sua execução), em detrimento do miserável que irá habitar “naquilo”; obras metroviárias que custaram, por quilômetro, o dobro do que custou o túnel abaixo do canal da Mancha na Europa, sob um oceano e com a mão de obra mais cara do planeta!!!; manutenção de estradas e avenidas que custam muito aos cofres públicos, mas que efetivamente não existem e o dinheiro "sumiu"; viadutos e pontes construídos, cuja necessidade é discutível; um favorecimento também absurdo às instituições financeiras que “vendem” dinheiro a juros compostos e pagam pela mesma “mercadoria”, juros simples. 

Um descalabro político no Congresso Nacional, onde só se “trabalha” para lobistas garantirem o interesse de poucos em detrimento do de muitos e que não mais representa seus eleitores; campanhas eleitorais sem o menor conteúdo político real e financiadas pelos poucos favorecidos de um sistema agonizante para muitos; uma Universidade igualmente dilacerada, onde o ensino superior tornou-se apenas um mero ensino técnico e uma fábrica de diplomas. 

Enfim, uma sociedade que vive de aparências, de engodos, de futebol, carnaval, sem a menor noção de coletividade, anestesiada e apalermada pelos cartões de crédito, telefones celulares, bolsa disso, bolsa daquilo, vale transporte, cestas básicas, automóveis e dívidas. Um verdadeiro “Alice no País das Maravilhas”. Como os espelhinhos que nossos colonizadores distribuíam aos nativos no século XVI, afinal o interesse pela Nação, pelo visto, ainda é o mesmo: explorar e explorar. “Vamos explorar o povo, nossa rua, nosso transporte, nossa cidade, nosso local de trabalho, nossa moradia, nossa família, nosso vizinho e quando não tivermos mais nada a explorar nos mudamos para outro local e continuemos a explorar, como faz a maior parte dos predadores e roedores”. 

E ainda se prega a “sustentabilidade”. Para uma população que, menos de uma década atrás, se fazia do uso da enxada como seu único meio de vida, hoje tem todo tipo de bens de consumo ao seu dispor; e está classificada pelo governo como “classe média” esquecendo-se, no entanto, de que, não há infraestrutura para tal consumo. Afinal, o importante é dispor de computadores, celulares de última geração, automóveis de todas as marcas e modelos. Hospitais, escolas, empregos, segurança são apenas importantes quando se sente a falta deles individualmente e nunca em termos de coletividade. 

Pessoas vivendo no limite da legalidade e da moralidade pensando que a vida é mesmo assim, sem a menor referência. Sempre tirando alguma vantagem de seu próximo. Quando encontram uma placa num jardim dizendo: “NÃO PISE NA GRAMA” cospem na placa.

Já estamos com uma população carcerária de quase 700.000 pessoas ( ou até mais); menos os políticos corruptos e esta população tem dobrado a cada 08 anos. 

Afinal, que tipo de pessoas estamos desenvolvendo aqui? Anarquistas exploradores (como os do séc. XVI?), corruptos, marginais, delinqüentes, predadores e aproveitadores do caos? Qual o destino de uma sociedade constituída dessa maneira?

Isso não é Capitalismo Moderno... Isso é uma ABERRAÇÃO do Capitalismo. 

SAÚDE, TRANSPORTE, HABITAÇÃO, SEGURANÇA, EDUCAÇÃO, EMPREGOS, CRESCIMENTO E SUSTENTABILIDADE : até agora, apenas ferramentas de marketing e plataformas eleitorais.

E eu que na adolescência acreditei que esse era um País de futuro.

Que pena!

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