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quinta-feira, 17 de março de 2011

Hidrólogo detalha causas da catástrofe de 12 de janeiro

Em depoimento à CPI da Serra (Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que investiga as responsabilidades de agentes políticos e públicos em face do desastre ocorrido nos municípios da Região Serrana), o hidrólogo da COPPE/UFRJ, Paulo Canedo, detalhou as causas hídricas da maior tragédia natural do Brasil.

Canedo afirmou que as chuvas na região chegaram a um volume de água de 150 ml por hora, por isso a tragédia chegou à dimensão que tomou. "Nós tivemos uma chuva longa, que durou de 8 a 12 dias, dependendo da localidade. Em seguida, uma frente fria ocasionou uma chuva frontal, que durou 32 horas. Essa chuva, por si só, já seria capaz de causar grandes transtornos nas encostas e nos rios. Porém, além dessa chuva frontal, ocorreu também uma série de chuvas localizadas do tipo cúmulus nimbus, que teve uma duração de quase cinco horas", apontou. Segundo ele, esse tipo de chuva não é incomum, mas normalmente as precipitações duram cerca de 15 minutos. "São as famosas chuvas de verão. Essas chuvas, porém, foram absolutamente excepcionais. Essa sequência de fatos acabou ocasionando a catástrofe", explicou Canedo.

O professor disse ainda que essa combinação de fatores representou uma chuva incomum. "Isso não quer dizer que a chuva só volte a cair daqui a 500 anos e sim que a probabilidade desse mesmo fenômeno ocorrer novamente é de 1 para 500. São eventos independentes. A chance desse evento voltar a ocorrer no mesmo ano é de 1 para 250 milhões", comentou Canedo, que apresentou dados comprovando que em determinados pontos da Serra o volume de água chegou a ser 500% maior do que as chuvas de janeiro de 2010, na mesma localidade.

Segundo o hidrólogo, o lugar onde a principal nuvem se concentrou fez com que a tragédia não fosse ainda maior. "Se a nuvem fosse deslocada em cinco quilômetros para um dos lados, ela provavelmente acabaria com qualquer de uma das cidades atingidas. A sorte foi que a nuvem mais forte ficou instalada bem acima de uma montanha, e acabou dividindo as águas que caíram entre Friburgo e Petrópolis. A água caiu no topo da montanha e desceu dividida para essas cidades", explicou Canedo.

Apesar de toda essa tragédia e do grande número de mortos e feridos nesses sete municípios da Região Serrana, o hidrólogo não colocou toda a culpa nos ombros das autoridades municipais e estaduais. "Quando observamos a ocorrência de um evento chuvoso dessa magnitude não podemos responsabilizar ninguém diretamente. O que nós temos de responsabilidade é quanto à ocupação de áreas indevidas, lembrando que essa ocupação não põe em risco somente os moradores dessas casas", analisou Canedo.

Fonte: Alerj

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